No ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceu-me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no princípio. E vi na visão; e sucedeu que, quando vi, eu estava na cidadela de Susã, na província de Elão; vi, pois, na visão, que eu estava junto ao rio Ulai.
(Daniel 8:1-2)
Nesse momento Daniel inicia a continuação da primeira visão do (capítulo 7), na primeira visão Daniel havia visto (4) animais que simbolizavam 4 reinos:
(1º) Leão: Império Babilônico
(2º) Urso: Império dos Medo e Persa
(3º) Pantera: Império Grego – Alexandre Magno (o grande)
(4º) Animal desconhecido: Sêleucidas, Lissimaco, Cassandro, e Ptolomeus, mais os 6 reis Sêleucidas até a chegada de Antíoco IV Epífanes que profanou o santuário e aboliu as leis por três anos e meio.
Nesse capítulo Daniel ira trabalhar suas profecias em cima de dois reinos principais.
(1º) A anexação do império Medos e Persas.
(2º)Toda a conquista de Alexandre Magno e o desdobramento da divisão de seu reino até o aparecimento de “Antioco Epifanes”.
E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha dois chifres; e os dois chifres eram altos, mas um era mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. (Daniel 8:3)
O carneiro de dois chifre (um mais alto do que o outro), um reino de dois poderes onde o primeiro poder era menor do que o segundo poder. se refere ao Império anexado entre o reino Medos e Persas, sendo que o primeiro reino (Medos) era menor que o segundo reino (Persas), Exatamente como é revelado no versículo 20 desse mesmo Capítulo.
Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis da Média e da Pérsia,
(Daniel 8:20)
Existem alguns que afirmam ser os Estados Unidos da America esse carneiro de dois Chifres, e os dois chifres representando as torres gêmeas, passando por cima das próprias revelações do profeta Daniel, alucinação total.
Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir; nem havia quem pudesse livrar-se da sua mão; e ele fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia. (Daniel 8:4)
Esse versículo apenas revela toda a conquista Medos e Persas durante seu Império até a sua derrota por "Alexandre Magno". Império Grego.
E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre insigne entre os olhos. E dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra ele no ímpeto da sua força. (Daniel 8:5-6)
Agora é profetizado o aparecimento do Império de "Alexandre Magno", ele afirma que esse Império possuía apenas um chifre, com esse chifre a profecia demonstra que esse reino simbolizado por um bode possuía apenas um poder (Alexandre Magno) diferente do carneiro que possuía dois poderes sendo eles o reino Medos e o reino Persa. O Profeta revela que esse bode (Alexandre Magno) avançaria com grande fúria contra o carneiro (império Medos e Persas). Fatos historicamente comprovados pela própria Bíblia nos livros dos Macabeus.
E vi-o chegar perto do carneiro, enfurecido contra ele, e ferindo-o quebrou-lhe os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe resistir, e o bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão. E o bode se engrandeceu sobremaneira; mas, estando na sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado; e no seu lugar subiram outros quatro também insignes, para os quatro ventos do céu. (Daniel 8:7-8)
Nesse momento é profetizado exatamente os fatos narrados no primeiro livro dos Macabeus, onde o Império de Alexandre Magno (bode) derrota o Império dos Medos e Persas (carneiro) e após sua morte seu reino foi dividido entre seus generais e familiares.
Ora, aconteceu que, já senhor da Grécia, Alexandre, filho de Filipe da Macedônia, oriundo da terra de Cetim, derrotou também Dario, rei dos persas e dos medos e reinou em seu lugar.
Empreendeu inúmeras guerras, apoderou-se de muitas cidades e matou muitos reis. Avançou até os confins da terra e apoderou-se das riquezas de vários povos, e diante dele silenciou a terra. Tornando-se altivo, seu coração ensoberbeceu-se. Reuniu um imenso exército, impôs seu poderio aos países, às nações e reis, e todos se tornaram seus tributários. Enfim, adoeceu e viu que a morte se aproximava. Convocou então os mais considerados dentre os seus cortesãos, companheiros desde sua juventude, e, ainda em vida, repartiu entre eles o império. Alexandre havia reinado doze anos ao morrer. Seus familiares receberam cada qual seu próprio reino. (I Macabeus 1:1-9)
E de um deles saiu um chifre muito pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa. (Daniel 8:9)
O chifre pequeno, o mesmo chifre citado no (capítulo 8) e como já vimos esse chifre pequeno se tratava de “Antioco Epifâneo” que concentrou a sua tirania em Israel após ter reinado sobre a Síria e derrotado o Egito. Terra formosa se tratava de Jerusalém.
Foi exatamente para a terra formosa (Jerusalém) que "Antioco Epifantes" avançou com sua tirania e ditadura.
Após ter derrotado o Egito, pelo ano cento e quarenta e três, regressou Antíoco e atacou Israel, subindo a Jerusalém com um forte exército. (I Macabeus 1:20)
E se engrandeceu até contra o exército do céu; e a alguns do exército, e das estrelas, lançou por terra, e os pisou. E se engrandeceu até contra o príncipe do exército; e por ele foi tirado o sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra. E um exército foi dado contra o sacrifício contínuo, por causa da transgressão; e lançou a verdade por terra, e o fez, e prosperou. (Daniel 8:10-12)
Agora a Profecia revela todas as conquistas que "Antioco Epifanes" iria alcançar, ele se tornou Rei da Dinástica Selêucidas, dominou a Síria e o Egito e assim entrou em Israel acabando com as Leis Judaicas e abominando o templo.
Então o rei Antíoco publicou para todo o reino um edito, prescrevendo que todos os povos formassem um único povo e que abandonassem suas leis particulares. Todos os gentios se conformaram com essa ordem do rei, e muitos de Israel adotaram a sua religião, sacrificando aos ídolos e violando o sábado. Por intermédio de mensageiros, o rei enviou, a Jerusalém e às cidades de Judá, cartas prescrevendo que aceitassem os costumes dos outros povos da terra, suspendessem os holocaustos, os sacrifícios e as libações no templo, violassem os sábados e as festas, profanassem o santuário e os santos, rasgavam e queimavam todos os livros da lei que achavam; (I Macabeus 1:41-56)
Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício contínuo, e da transgressão assoladora, para que sejam entregues o santuário e o exército, a fim de serem pisados? E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado. (Daniel 8:13-14)
“Duas mil e trezentas tardes e manhãs”: provavelmente corresponde ao período de 3 anos e meio, período em que "Antioco Epifanes" proibiu de se fazer os Sacrifícios em Israel, as Datas correspondem aproximadamente aos dados do livro dos Macabeus desde quando foi interrompido os Holocaustos até o momento em que foi novamente estabelecido os Holocaustos no templo.
I Macabeus 1
54. No dia quinze do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e cinco, edificaram a abominação da desolação por sobre o altar e construíram altares em todas as cidades circunvizinhas de Judá.
I Macabeus 4
52. No dia vinte e cinco do nono mês, isto é, do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e oito, eles se levantaram muito cedo,
53. e ofereceram um sacrifício legal sobre o novo altar dos holocautos, que haviam construído.
Irei explicar isto no próximo tópico
E aconteceu que, havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei o significado, e eis que se apresentou diante de mim como que uma semelhança de homem. E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou, e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão. E veio perto de onde eu estava; e, vindo ele, me amedrontei, e caí sobre o meu rosto; mas ele me disse: Entende, filho do homem, porque esta visão acontecerá no fim do tempo. E, estando ele falando comigo, caí adormecido com o rosto em terra; ele, porém, me tocou, e me fez estar em pé. E disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira; pois isso pertence ao tempo determinado do fim. Aquele carneiro que viste com dois chifres são os reis da Média e da Pérsia, Mas o bode peludo é o rei da Grécia; e o grande chifre que tinha entre os olhos é o primeiro rei; (Daniel 8:15-21)
Observem o que diz:
Carneiro com dois chifres = Reino Medos e Persas.
Bode com um Chifre = Reino de Javã, ou seja, de "Alexandre Magno".
O ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a força dele. Mas, no fim do seu reinado, quando acabarem os prevaricadores, se levantará um rei, feroz de semblante, e será entendido em adivinhações. E se fortalecerá o seu poder, mas não pela sua própria força; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os poderosos e o povo santo. E pelo seu entendimento também fará prosperar o engano na sua mão; e no seu coração se engrandecerá, e destruirá a muitos que vivem em segurança; e se levantará contra o Príncipe dos príncipes, mas sem mão será quebrado. (Daniel 8:22-25)
Agora ele revela novamente o Reinado de Antioco Epifanes vindo de Roma, apoderando-se dos outros reinos com crueldade, após todas suas conquistas ele morreria sem intervenção humana como vimos no livro dos Macabeus, "Antioco Epifanes" morreu por uma enfermidade terrível.
II Macabeus 9
28. Assim esse carrasco e blasfemador pereceu miseravelmente, distante, nas montanhas, em meio àqueles sofrimentos que ele mesmo havia infligido aos outros. ( II Macabeus 9:28)
E a visão da tarde e da manhã que foi falada, é verdadeira. Tu, porém, cerra a visão, porque se refere a dias muito distantes. E eu, Daniel, enfraqueci, e estive enfermo alguns dias; então levantei-me e tratei do negócio do rei. E espantei-me acerca da visão, e não havia quem a entendesse. (Daniel 8:26-27)
Para terminas, eu irei colocar mais um trecho do livro de Flávio Joséfo a respeito da interpretação do capítulo oito de Daniel. Lembrando que Flávio Joséfo era fariseu, versátil nas escrituras e totalmente imparcial, pois o mesmo não era Cristão.
Narrarei uma de suas profecias, para mostrar como eram corretas. Ele disse que, tendo saído com os seus companheiros da cidade de Susã, que é a capital do reino da Pérsia, para tomar ar no campo, houve um tremor de terra, que surpreendeu e espantou de tal modo os que estavam com ele que todos fugiram e o deixaram sozinho. Ele lançou-se então com o rosto em terra e, estando assim nesse estado, percebeu que alguém o tocava e lhe dizia para levantar, a fim de ver as coisas que sucederiam muito tempo depois aos de sua nação.
Depois que ele se ergueu, viu um carneiro que tinha vários chifres, sendo o último maior que os outros. Voltando os olhos para o lado do ocidente, viu aproximar-se um bode, que se chocou com o carneiro, derrubou-o e o pisou. Viu depois sair da fronte desse bode um chifre bem grande, que foi quebrado, e dele saíram outros quatro, voltados para os quatro ventos. Entre esses quatro chifres, surgiu um menor. Deus lhe disse que esse chifre, quando crescesse, faria guerra à sua nação, tomaria Jerusalém, aboliria todas as cerimônias do Templo e durante [mil e duzentos e noventa e seis dias] proibiria que ali se oferecessem sacrifícios.
Depois que Deus lhe manifestou essa visão, explicou-a deste modo: o carneiro significava o império dos medos e dos persas, cujos reis eram representados pelos chifres. O maior era o último deles, porque sobrepujava a todos em riquezas e em poder. O bode significava que viria da Grécia um rei que venceria os persas e se tornaria senhor daquele grande império — o chifre grande significava esse rei. Os quatro chifres pequenos nascidos desse grande chifre e que se dirigiam para as quatro partes do mundo representavam aqueles que depois da morte desse soberano dividiriam entre si esse grande império, embora não fossem nem seus filhos nem seus descendentes. Eles reinariam durante vários anos, e de sua posteridade viria um rei que faria guerra aos judeus, aboliria todas as suas leis e toda a forma de sua república, saquearia o Templo e durante [três anos]proibiria que ali se oferecessem sacrifícios. Isso tudo aconteceu sob o reinado de Antíoco Epifânio.
Esse grande profeta deu também notícia do império de Roma e da extrema desolação a que reduziria o nosso país. Deus lhe tornou patentes todas essas coisas, e ele as deixou por escrito para serem admiradas pelos que lhe vissem os efeitos, para mostrar os favores que recebera dEle e para confundir os erros dos epicureus, que, em vez de adorarem a Providência, dizem que Ele não se importa com os interesses deste mundo e que a terra não é conservada nem governada por essa suprema Essência, igualmente bem-aventurada, incorruptível e onipotente, mas subsiste por si mesma. Se eles considerassem verdade o que dizem, ver-se-iam logo perecendo como um navio que, não tendo piloto, é batido pela tempestade ou como um carro sem condutor, que é arrastado pelos cavalos. Não pode haver melhor prova que as profecias de Daniel para nos fazer constatar a loucura de quem não aceita que Deus tenha cuidado com o que se passa sobre a terra. Pois se tudo o que acontece no mundo é por acaso, como explicar o cumprimento de todas essas profecias? Julguei meu dever relatar tudo isso conforme o que encontrei nos Livros Santos, mas deixo a cada qual liberdade para ter outras opiniões ou acreditar no que quiser. (Flávio Josefo História das antiguidades judaicas livro 10 capítulo 12)